Procuradoria da Mulher comemora o Dia da Consciência Negra

18 de novembro de 2021
Procuradoria da Mulher comemora o Dia da Consciência Negra

CVP 119/2021

Foram mais de três séculos de escravidão do povo africano no Brasil. Mesmo depois de 130 anos da “Lei Áurea” (assinada em 1888) as marcas do racismo estrutural ainda estão presentes em nossa sociedade, seja pela exclusão social, pelo preconceito e até mesmo pela marginalização de negras e negros que hoje correspondem a mais da metade da nossa população.

Para lembrar o Dia da Consciência Negra, comemorado todos os anos no dia 20 de novembro, a Procuradoria Especial da Mulher, órgão criado no âmbito da Câmara de Vereadores de Penha, realizou um evento na quarta-feira (17) com a participação de convidadas e convidados especiais, abordando a questão da negritude, do preconceito e da luta contra o racismo estrutural, que tanto afetam a vida das mulheres e homens afro-brasileiros.

O evento contou com a participação de Catarine Nogueira, vereadora do município de Santo Amaro da Imperatriz, que é pedagoga e professora de dança, além dos professores de capoeira Daniely e Fábio Nunes, Maria Luiza de Oliveira, funcionária da concessionária Águas de Penha e coordenadora do Programa “Respeito dá o Tom”, além de Regina Santos da Silva que preside o Coletivo Mulheres do Brasil em Ação (CMBA), entidade que realiza um trabalho voluntário, acolhendo mulheres e crianças que sofrem com a violência doméstica.

Maria Luiza falou sobre o Dia da Consciência Negra e seu significado, lembrando a data da morte de Zumbi dos Palmares, ícone da luta contra a escravidão, e ainda lembrando de grandes personalidades negras do estado de Santa Catarina: Antonieta de Barros, primeira mulher negra eleita como deputada estadual e também sobre o poeta simbolista João da Cruz e Souza. Ela ainda apresentou o programa “Respeito dá o Tom” desenvolvido pela Águas de Penha que promove a igualdade racial dentro da empresa.

Em seguida, a vereadora do município de Santo Amaro da Imperatriz, Caterine Nogueira (única mulher negra eleita na região da grande Florianópolis), falou sobre sua experiência de vida, sobre negritude e também sobre sua inserção no meio político. “Precisamos de mais mulheres negras e não-negras na política. Cadê as mulheres? Porque que elas não estão lá? Ao chegar aqui na Câmara de Penha, uma das primeiras coisas que eu vi foi aquela parede [Galeria de Vereadoras], onde passaram apenas cinco mulheres vereadoras aqui, e nenhuma mulher negra [...] Então a gente precisa fazer esse trabalho, trazendo a comunidade negra para que as lideranças apareçam, para que estejam inseridas na política”, enfatizou a vereadora.

Dando sequência às falas, Regina Santos da Silva, presidente do CMBA, falou sobre o seu trabalho voluntário, acolhendo mulheres vítimas de violência doméstica, que atinge todas as classes sociais, mas que é potencializada quando falamos da cor da pele. “Para a realidade de mulheres e meninas negras, a realidade é mais cruel ainda, pois a violência de gênero vem acompanhada do racismo. Isso está no DNA de nossa sociedade, é estruturante”, ressalta Regina.

O casal de professores Daniely e Fábio Nunes falou sobre o projeto voluntário que realizam juntos no bairro Mariscal, ensinando capoeira para crianças daquela localidade. “Dentro da capoeira, eu vejo uma questão cultural muito importante também para as meninas. A capoeira é sim uma forma das crianças se aceitarem, se reconhecerem como negras e terem orgulho disso”, frisou Daniely.

A fala de Daniely e Fábio terminou com uma apresentação de cantos de capoeira que retratam a dor e as mazelas da escravidão. “Escolhemos duas músicas que têm um tema triste, como a escravidão e o preconceito, embora a música de capoeira não trate só de tristeza e lamento. Mas é importante a gente não esquecer da dor para saber o valor da luta! A gente não pode achar que está tudo bem, porque não está. Existe o preconceito, às vezes velado, às vezes escancarado”, conclui Fábio.

Luiz Fernando Vailatti (Podemos), o Ferrão, que é procurador especial da mulher na Câmara de Penha, agradeceu a participação da comunidade no evento e ressaltou a importância da presença das mulheres e homens negros no debate político, justamente para combater o racismo estrutural. Juntamente com o vereador Antônio Cordeiro Filho (MDB), o Toninho, o procurador apresentou formalmente a resolução que denomina a sala da Procuradoria Especial da Mulher como Antonieta de Barros, professora e jornalista catarinense que se tornou a primeira mulher negra a ser eleita na Alesc, ainda na década de 30 do século XX. “A resolução nº 59/2021 dá a denominação com muito orgulho para a sala da Procuradoria. É um ato simbólico, mas que reforça que esta casa é a casa do povo, é a casa de negras e negros”, concluiu o anfitrião do evento.  

 

Vídeo

Fotos

 

 

Autor: Victor Miranda
Fonte: Assessoria CVP

Download das fotos em alta resolução

Veja também

Aguarde